Feliz Equinócio de Outono: feliz Ano Novo!

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O Três que virou Um. O Um que virou Muitos

Faze o que tu queres será o todo da lei!

Olho do Sol

Começa a temporada santa de Thelema. No dia 19 de Março, tradicionalmente, antes do 20 de Março, onde celebramos a Grande Ritual, a invocação da Criança Coroada e Conquistadora, costumamos ler o “Prólogo ao Não-Nascido“. É um momento de recolhimento, de meditação sobre o que significa o pré-nascimento, o ainda não nascer. Para então, no dia 20, ver concretizada a concepção, no Nascimento da Criança.

Assim também, uma nova criança coroada, um novo Sol, surgiu no 20 de Março, há exatamente um ano. Por muito tempo, ela permaneceu não nascida – mergulhada nas entranhas do útero de Babalon, sem receber o sacramento da fecundação.

Babalon

O Olho do Sol iniciou-se nos mistérios da fecundação, no seu Minerval pessoal, recolhido e fecundado no útero do pré-nascimento, dois anos antes da sua efetivação, enquanto Nascimento.

Além do Ano Thelêmico iniciar na entrada do Sol em Áries, comemoramos também nosso Primeiro Ano de Acampamento que começou sua fundação com a mudança de estado de Frater Kodama do Rio de Janeiro para Curitiba. Já residindo alguns anos em Curitiba, inspirado pela chama do Amor e Liberdade, o mesmo encontra-se com o Frater Nihil, recém iniciado em nossa sagrada Ordem. Posteriormente, veio a juntar-se Frater Herumaati, irmão de Florianópolis, que buscava por uma reagrupação da Ordem no Sul do Brasil.

Olho do Sol

Os três Irmãos iniciaram suas reuniões, se encontrando pela primeira vez na cidade de Curitiba em 30 de Junho de 2019 para, pela primeira vez, começar a conceber a Criança. Os três mergulharam na difícil tarefa de criar o Um, uma unidade para aquele acampamento que poderia um dia vir a ser concretude.

Após esse empírico e engrandecedor encontro, nasceu o desejo de montar o primeiro acampamento no Sul do Brasil. A ideia surgiu de um sentimento mútuo: uma devoção ardente pela Grande Deusa, pela Senhora da Taça, e pelo símbolo do Sol. Unidos, os três conceberam o que esse Acampamento se proporia a ser: uma busca pelo Sol Sagrado, pela Joia de Tipharet, pelo ouro da Iniciação.

Assim, os três Irmãos se juntaram, e se misturando, fizeram fecundação, concepção, cada um vertendo seu conhecimento no Athanor Alquímico, no símbolo fecundado. Assim, como um zigoto, fruto da união de conhecimentos, o Olho do Sol começou a nascer. Um irmão propôs a analogia com a Obra Solar; outro, instigou o Mistério Egípcio, que remontou à Ayn Shams, a antiga Heliópolis. E, por fim, outro estimado Irmão, amante da religiosidade brasileira, deu a sugestão de por que não utilizar a nossa própria língua, no nome de nosso Acampamento?

Olho do Sol

Sim, o português, as asas através do qual os mercúrios e exus voam, trazendo a todas e todos, a dádiva do entendimento e da comunicação. Assim, do árabe-egípcio Ayn Shams torna-se brasileiro, e o zigoto começa a tomar a sua forma. Assim, foi concebido o Olho do Sol. Estava gestado, e Babalon como detentora em seu Útero. Portanto, o Olho do Sol era um Minerval, fecundado, ainda não-nascido para o mundo.

Revezes infinitos levaram ao atraso do nascimento. Tal como Deméter no Mito de Elêusis, Babalon guardava a semente em seu útero, relutando em deixá-la ver a luz do dia. Por que era preciso esperar, pois no dia 20 de Março, exatamente 116 anos da realização da Suprema Invocação de Hórus no Cairo, por Aleister Crowley, no Ano Novo Thelêmico, o Olho do Sol nasceu. Na linguagem da Ordem, tornou-se um Homem-Irmão/Mulher-irmã (Grau I).

Durante esse 1 ano de vida do nosso Acampamento, assim como todos, sofreu com a pandemia mundial do Covid-19, seguindo nossa Lei de Luz, Vida, Amor e Liberdade, e prezando por cada estrela, virtualizamos nossos trabalhos e encontros.

E assim, hoje, completa seu primeiro ciclo solar. O Olho do Sol vive (Grau II) e, para viver mais, morre (Grau III). Se aniquila (Grau IV) para a todo momento continuar a criar e, como Corpo, se propõe a estar a todo momento regenerando suas células. A Morte pressupõe sua Vida: um ano morreu, outro agora nasce. Que assim também, o Olho do Sol, esteja sempre retornando e saindo do Útero de sua Mãe, de Quem todos nós viemos e para onde todos nós retornaremos, e em seu Nome, BABALON.

A Lei de Thelema é o supremo chamado para que cada ser humano assuma para si a plena responsabilidade por sua vida, por cada uma de suas decisões e as consequências delas. E, ainda a responsabilidade por seu próprio autoconhecimento, rumo à descoberta do objetivo central de sua existência: a sua Verdadeira Vontade e a realização deste objetivo.

Esse é, para o Thelemita, o verdadeiro significado de Liberdade.
Nosso Acampamento gostaria de convidar a toda estrela que busca sua Verdadeira Vontade que comungue conosco nesse dia!

Amor é a lei, amor sob vontade.